Nesta 18ª postagem continuaremos
sobre a terceira tentativa de tomada do
poder. Chamo a sua atenção para a frase: "Nessas circunstâncias, o simples
texto do AI-5 era inócuo.", ou seja, os AI-1; AI-2; AI-3; AI-4 e AI-5 não
significou nada para os terroristas de plantão, foi necessário o uso do
Exército Brasileiro, porque as forças policiais dos Estados da Federação não
foram suficientes, para conter as barbáries dos que estavam a serviço do crime
organizado.
Vamos aos fatos:
Jorge Barreto.
1970
O engajamento
das Forças Armadas
Intranquilidade
crescente
As investigações
dessas atividades estavam a cargo do Departamento de Investigações Criminais
(DEIC), outras eram responsabilidade do Departamento de Ordem Política e Social
(DOPS), além das que eram acompanhadas pela Policia Militar ou investigadas por
delegacias isoladas. As Secretarias Estaduais de Segurança Pública não
dispunham de um órgão que centralizasse ou coordenasse essas investigações. Nessas circunstâncias, o simples texto do
AI-5 era inócuo.
FONTE: ORVIL - Tentativas de tomada do poder.
Organizadores: Ten Cel Licio Maciel e Ten José Conegundes
do Nascimento.
1970
Seqüestro do
cônsul do Japão em São Paulo
No dia 20 de
fevereiro de 1970, quatro policiais militares tentavam apurar o roubo de um
carro. Chegaram até uma casa no Jardim Cerejeiras, em Atibaia, onde residiam
Antônio Lucena, sua mulher Damaris e três filhos menores. Lucena militava no
PCB desde 1958.
Os policiais nem
imaginavam que ali era um "aparelho" da VPR. Eles não pertenciam a
nenhum órgão de segurança, tanto que chegaram sem "estourar o aparelho".
Bateram na porta e
pediram para ver os documentos do carro. Lucena disse aos policiais que iria
buscá-los. Como o carro fora roubado pela VPR, evidentemente, estava em
situação ilegal. Temendo ser preso, Lucena decidiu reagir. Voltou com um fuzil
FAL, abriu a porta e disparou uma rajada nos policiais, matando
instantaneamente o sargento PM Antônio Aparecido Posso Nogueró e ferindo
gravemente o segundo sargento Edgar Correia da Silva. Os outros dois policiais
reagiram. Lucena foi morto e Damaris presa.
Segundo Damaris
Lucena em seu depoimento a Luiz Maklouf Carvalho, no livro Mulheres que
foram à luta armada, esta registrado o
seguinte:
"Tinha um
FAL por cima da mesa, coberto, que ficava sempre à mão. O Doutor pegou o FAL e
atirou."
Observação:
Doutor, era o codinome de seu marido.
No aparelho, foram
encontrados: material cirúrgico, 11 FAL, 24 fuzis, 4 metralhadoras, 2
carabinas, 2 espingardas, 1 Winchester, explosivos e cartuchos diversos.
Em 27 de fevereiro,
Chizuo Osava, "Mário Japa", sofreu um acidente de automóvel, na
Avenida das Lágrimas, em São Paulo, e perdeu os sentidos. Um guarda de
trânsito, ao socorrê-lo, encontrou armas e documentos subversivos no interior
do carro acidentado. "Mário Japa" foi preso e encaminhado ao DOPS,
após ser medicado.
Chizuo Osava era, em
1970, um dos dirigentes da VPR. Em março fora enviado para São Paulo com o
objetivo de reestruturar a guerrilha urbana, dando-lhe maior oportunidade. Era,
portanto, uma das peças fundamentais da VPR. Com o acidente, deixou de
"cobrir um ponto" com Ladislas Dowbor, o que denunciou a sua prisão.
Tanto "Mário
Japa" como Damaris sabiam da existência de uma área de treinamento de
guerrilha no Vale da Ribeira. Era necessário para a organização criminosa
tirá-los da prisão, com a máxima urgência, antes que colocassem em risco a VPR
e "entregassem" a área de treinamento no Vale da Ribeira.
Era preciso
libertá-los antes que fosse tarde. Com o êxito do sequestro do embaixador
americano, decidiram que um novo sequestro seria a solução.
Para sensibilizar a
colônia japonesa, muito numerosa em São Paulo, e pressionar o governo, foi
escolhido o cônsul geral do Japão, Nobuo Okuchi.
Em ações mais
ariscadas as organizações agiam "em frente" (duas ou mais
organizações). Para o sequestro foram empregados os seguintes militantes,
coordenados por Ladislas Dowbor (jamil).
Dessa vez, pediram
pouco. Os comunicados redigidos por Ladislas exigiam a libertação de 5 presos,
asilo político no México e paralisação das buscas.
No comunicado nº 4,
os sequestradores divulgaram o nome dos cinco presos que seguiriam para o
México.
A seguir transcrevo
o que o Jornal do Brasil, em 14/03/1970, publicou a respeito de cada um dos
presos libertados:
"Diógenes
José de Carvalho Oliveira, participou dos atentados ao Comando Norte-Americano,
em São Paulo; Quartel General do II Exército, quando morreu o soldado Mário
Kozel Filho, atentados ao Quartel General da Força Pública no Barro Branco,
quando foi morta outra sentinela; bomba na loja da Sears; morte do capitão
Charles Chandler; assalto à Casa de Armas Diana e ao Hospital Militar; roubos
ao Banco Mercantil e ao Banco do Estado; e tendo tomado a Rádio Independente no
AB;
Chizuo Osava, acusado de tomar a Rádio
Independente e colocar no ar um manifesto redigido por Carlos Marighela;
Otávio Ângelo, membro da Aliança Libertadora
Nacional, foi preso na fábrica clandestina de armas no bairro Artur Alvin;
Damaris de Oliveira Lucena, contou que o
ex-capitão Carlos Lamarca e outros terroristas freqüentavam sua casa nos fins
de semana;
e Madre Maurina Borges Silveira, foi presa no
dia 13 de novembro de 1969, quando a Policia e o Exército desarticularam .em
Ribeirão Preto o grupo terrorista Frente Armada de Libertação Nacional (FALN),
também seria responsável pelo desvio de mais de uma tonelada de alimentos enviados
pelo governo dos Estados Unidos para as crianças do Lar Santana. As mercadorias
teriam sido endereçadas à FALN. Segundo a Policia, o Lar Santana
transformara-se em aparelho da FALN, com o conhecimento da madre."
O sequestro do
embaixador da Alemanha
Ao avistar o
Mercedes, Jesus Paredes Soto (Mário) deu sinal e, neste momento, uma Pick-up,
dirigida por José Mauricio Gradel (Jarbas), abalroou o Mercedes Benz do
embaixador. À retaguarda do Mercedes, com segurança, uma Variant, dirigida por
Luís Antônio Sampaio, tendo ao seu lado José Banharo da Silva, ambos agentes da
Policia Federal.
A operação foi muito
rápida e durou dois ou três minutos, José Milton Barbosa, que fingia namorar
Sônia Eliane Lafoz (Mariana), metralhou a Variant, ferindo gravemente o
policial Luís Antônio Sampaio. O outro agente, José Banharo da Silva, também
foi ferido. Enquanto isso, "Bacuri" chegou junto à porta dianteira do
carro do embaixador, ao lado do motorista, e disparou três tiros na direção do
agente Irlando de Souza Régis, matando o instantaneamente.
Herbert Eustáquio de
Carvalho (Daniel) retirou o embaixador do automóvel e o colocou no Opala,
partindo na direção do bairro Santa Tereza.
O governo
brasileiro, mais uma vez, atendeu as exigências dos sequestradores, para poupar
a vida de um diplomata, libertando os 40 presos, que foram banidos do
território nacional pelo Decreto nº 66.716, de 15 de junho de 1970.
Muitos desses
"heróis da resistência democrática", como são hoje chamados, estão
por ai, militando no partido do poder ou exercendo altos cargos na
administração pública, com os bolsos recheados pela bonomia do governo, que os
recompensa com o dinheiro público "pela perseguição" que lhes
impingiu a "ditadura militar".
Irlando de Souza
Régis morreu em vão. Hoje ele só existe na lembrança de seus familiares,
relegados também à indiferença governamental e condenado à penúria.
Infelizmente,
vivemos no País da hipocrisia e em tempos de iniquidade ... .
Sequestro do
embaixador suíço
No dia 7 de dezembro
de 1970, por volta das nove horas, na Rua Conde de Baependi, no bairro
Laranjeiras, o embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, foi
sequestrado pela VPR.
Neste momento,
Carlos Lamarca abriu a porta onde estava o segurança Hélio Carvalho de Araújo e
deu-lhe dois tiros nas costas, que o atingiram na coluna e o levaram a morte no
dia 10 de dezembro.
A Suíça classificou
o ato como uma violência contra pessoas inocentes e uma violação dos direitos
humanos.
Os sequestradores
apresentaram uma lista de 70 presos que deveriam ser soltos em troca da vida do
embaixador.
Finalmente, no dia
13 de janeiro de 1971, 70 pessoas foram liberados e banidos para o Chile. Em 16
de janeiro, o embaixador Bucher foi solto, depois de 41 dias.
O sequestro foi
considerado uma derrota política para a VPR e uma das causas que provocaram a
saída de Lamarca e de sua companheira Iara Iavelberg (Célia) da organização e o
seu ingresso no MR-8, no final de março de 1971.
Alguém da mídia ou
da igreja de D. Paulo Evaristo Arns lembra-se do nome desse homem brutalmente
baleado por Lamarca?
Carlos Lamarca, no
entanto, é festejado como "herói do combate à ditadura"; sua mulher -
abandonada por ele, que se amasiou com Iara Iavelberg - recebe pensão de
coronel e o assassino frio é hoje nome de logradouro e motivo de filme.
Não é difícil
verificar quantos desses nomes se incluem no rol dos "perseguidos pela
ditadura" e, por essa razão, aquinhoados com as gordas indenizações às
custas do combalido contribuinte brasileiro.
A esperança,
entretanto, permanece aquecendo o coração dos brasileiros de bem, que ainda hão
de ver o pêndulo da História inclinar-se para o lado da verdadeira justiça.
Operação Vale
do Ribeira
Objetivo de toda
organização terrorista era levar a guerrilha para a área rural e depois, já com
o "Exército de Libertação Popular" formado e treinado, atacar e
conquistar as cidades.
A Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR) planejava criar focos guerrilheiros em determinadas áreas
táticas. Porém, antes disso era necessário doutrinar, instruir, orientar e
preparar militantes para ocupar tais áreas. A organização passou a procurar
áreas que facilitassem a segurança das instalações a serem construídas e as já
existentes e que permitissem instruir adequadamente o seu pessoal.
Por mais cautelosos
e por mais rígidos e exigentes que fossem, uma área de treinamento, pela
movimentação constante e pelas contínuas entradas e saídas dos futuros alunos,
estaria com a segurança sempre vulnerável. Pensando em tudo isso, a VPR
escolheu o Vale do Ribeira, região agreste, úmida, de muitas matas, banhada
pelo curso d'água que lhe dá o nome, situada a mais de 200 km ao sul da cidade
de São Paulo.
Em meados de 1969, a
VPR adquiriu o Sítio Palmital, com 40 alqueires, na altura do Km 254 da BR-116,
São Paulo - Curitiba.
Reunidos, concluíram
que o Sítio Palmital era pequeno e vulnerável por estar localizado nas
proximidades da BR-116. Compraram outro sítio, o dobro do primeiro, com 80
alqueires, um pouco mais ao norte e a 4 km da BR-116, pertencente ao mesmo
Manoel de Lima.
Em 16/04/70, Celso
Lungaretti, que havia adquirido a área de treinamento em nome da VPR, foi preso
no Rio de Janeiro e, nesse mesmo dia, "entregou" a existência dos
dois sítios.
No dia seguinte,
17/04/70, o Centro de Informações do Exército (CIE) transmitiu ao Comando do II
Exército (São Paulo) a existência da área de treinamento. Nesse mesmo dia,
equipes do 2º Batalhão de Policia do Exército (2ºBPE) foram enviadas para a
área e prenderam, em Jacupiranga, Flozino Pinheiro de Souza, um dos donos do
sitio.
Fonte: A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não
quer que o Brasil conheça.
Autor: Carlos Alberto Brilhante Ustra.