terça-feira, 21 de julho de 2015

Globalização - Desnacionalização e Desindustrialização

          Parte I
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          Nesta 22ª postagem, iniciaremos os crimes de Lesa Pátria, os crimes de corrupção que são fartos na literatura, nas noticias da mídia, apesar de terem valores elevados, constantes, praticamente diários, são centenas de vezes menores que os crimes de Lesa Pátria.


    Estes crimes de Lesa Pátria são cometidos pela oligarquia, com a  conivência dos governos vassalos, por isto escrevi na 10ª postagem (Globalização - As Guerras Regionais): "Que não tenhamos mais entre nós os "revolucionários" e nem os "beija mão" de Londres", porque estes dois grupos de governantes, não são autônomos, além do terrorismo, permitem e praticam os crimes de Lesa Pátria, por que são gerentes do governo do crime organizado.

          Os crimes de Lesa Pátria, não são informados da forma real, verdadeira, muito ao contrário, são noticiados como uma coisa boa para o Brasil, boa para os brasileiros, os leilões são fotografados, filmados, transmitidos em grande estilo, é o martelo do progresso, é o martelo da solução, a empresa era deficitária, a empresa era pública, mas não funcionava bem, só que antes era o armário do cabide dos empregos para parentes e amigos dos políticos, quando não, banco de saques das comissões dos contratos, a Operação Lava Jato não deixa duvidas sobre esta afirmação.

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          A parte que a impressa e os vassalos dos martelos não dizem, é para quem e como estão sendo transferidos os patrimônios públicos "leiloados", qual é o seu valor real considerando não apenas os valores das instalações, mas, sim o valor estratégico, os riscos da soberania e o valor da dependência econômica.

          Para esta modalidade dos crimes de Lesa Pátria, as nossas fontes serão os diversos artigos sobre economia brasileira, de Adriano Benayon, autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

          Na 13ª postagem (Globalização - No Brasil), Caio Prado cita que a produção de café em 1889 representava 70% do total das exportações brasileiras, observe que Benayon escreve que em 2010 este mesmo 70% representavam as commodities no total das exportações brasileiras, ou seja, a indústria brasileira não evolui, por isto o PNB (produto nacional bruto) representa 40% do PIB, isto significa que o PIB não é nosso e sim das multinacionais aportada no Brasil.

          Vamos aos fatos, mas se prepare, este é um assunto econômico.
     
                                                                                                               Jorge Barreto.

   No Brasil a produção ainda cresce, mas a serviço quase que exclusivo de bancos, muitos estrangeiros, inclusive os britânicos HSBC e Santander (que passa por espanhol), e das empresas transnacionais, que controlam cada vez mais ativos no País e transferem os ganhos para o exterior, especialmente nos paraísos fiscais, quase todos em ex-colônias britânicas.

   Beneficiário da escandalosa privatização do BANESPA, o maior banco estadual do mundo, entregue por nada pela trupe tucana encastelada em São Paulo, o Santander foi agora agraciado pelo CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda – com a isenção de quatro bilhões de reais devidos à Receita Federal.

   Em vez de se iludir com estatísticas conjunturais, o Brasil deveria atentar para as graves distorções de estrutura acumuladas desde 1954, as quais estão a pôr a casa em sério risco. Elas se manifestam na desindustrialização decorrente da desnacionalização da economia.

  Que outra coisa poderia ter acontecido, se, desde aquela época, as políticas públicas subsidiam, incessante e crescentemente, transnacionais sediadas no exterior? Vez por outra, empresas nacionais foram ajudadas, mas, em geral, a maioria delas foi massacrada, enquanto as transnacionais nunca ficaram sem os favores da política econômica.

  Por aqui, por enquanto, trata-se do sangue de martirizados sem agressão militar, mas por meio da política econômica do governo e do Banco Central, que outra coisa não faz senão desnacionalizar, desindustrializar a economia e favorecer os bancos e empresas oligopolistas e monopolistas.
  Essa política, entre os danos que causa ao País no interesse das transnacionais financeiras e industriais estrangeiras, não controla nem preços nem quantidades dos minérios e outros recursos naturais estratégicos e preciosos que saem do País.
   Através desse esquema, o Brasil acumula saldos negativos nas transações correntes com o exterior e paga conta anual de juros cada vez mais pesada na dívida externa, bem como a dos juros mais altos do Mundo na dívida interna.
  É insensatez justificar os rapapés aos agentes imperiais em nome de acenos destes, ao dizer que vêem com bons olhos a pretensão de o Brasil tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
  Primeiro, são meros acenos. Segundo, de nada vale o suposto prêmio à maior subserviência. Seria só pretenso prestígio para um governo que tributa seu povo em favor do estrangeiro. Seria honra vazia, enquanto o País se desindustrializa e está destituído de poder militar num mundo em que só a força assegura direitos.
   O Brasil tem agora um dos mais altos déficits de transações correntes com o exterior. Além disso, as reservas cambiais não são bem nossas. As reservas do Brasil são constituídas, em grande parte, por dólares convertidos em reais para aplicações em títulos financeiros, e elas podem deixar o Banco Central aos primeiros sinais de crise externa.

    Conforme dados do Banco Mundial, a participação no total mundial do valor adicionado pela indústria no Brasil permanece, desde 2000, parado em 1,7%. Segundo a mesma fonte, as importações brasileiras de bens de alta tecnologia não chegam a US$ 40 bilhões, e as exportações não atingem sequer US$ 10 bilhões.

     O modelo econômico dependente, baseado em tecnologia estrangeira não-absorvida no País e em financiamentos geridos pelo Banco Mundial, a custos materiais e financeiros elevados, ademais de privilegiar os grandes produtores mundiais de equipamentos, inviabilizou o desenvolvimento de empresas médias e pequenas de capital nacional nos programas de investimentos públicos, como o elétrico e o siderúrgico.

As privatizações agravaram o quadro, tendo acabado com o espaço de empresas privadas locais tecnologicamente promissoras que, antes, forneciam equipamentos e componentes às estatais.
  Até no âmbito da Petrobrás - por pouco privatizada com a venda de ações a estrangeiros e os diversos atentados contra ela decorrentes da Lei 9.478 - foram revertidas políticas fomentadoras de firmas brasileiras. Conforme observou o Eng. Fernando Siqueira, da AEPET, a Petrobrás, nos anos 70, sob Geisel, havia criado, através de transferência de tecnologia, um parque fornecedor com cinco mil empresas, que competiam com grandes multinacionais no estado da arte.
Diz ele: “Collor, na linha do Consenso de Washington, reduziu em mais de 30% as tarifas de importação, e FHC jogou a pá de cal ao criar o REPETRO, pelo decreto 3161, que isentou as empresas estrangeiras de todos os impostos: II, IPI, ICMS, PIS, COFINS, tudo. Com isto, liquidou essas 5.000 empresas. As que restaram foram adquiridas pela GE.
   Não há espaço aqui para resumir os variados e imensos subsídios com que a política econômica presenteia as transnacionais montadoras de veículos e outras transnacionais em todos os setores da economia, sendo as benesses federais complementadas pelas estaduais e municipais. Há poucos dias, noticiou-se que o prefeito do Rio doará à General Electric dos EUA terreno de 45.000 m², na ilha do Fundão.
Os financiamentos do BNDES constituem vultoso subsídio às grandes transnacionais que, cada vez mais, controlam o mercado brasileiro e recebem do banco estatal trilhões de reais a taxas favorecidas. A Thyssen, da Alemanha, líder de cartéis mundiais, formou “joint venture” para produzir energia elétrica poluente à base de carvão, em “associação” com o multiusos Eike Batista, com 75% dos recursos providos pelo BNDES.

Além de subsidiar as transnacionais, o governo planeja privatizar aeroportos e “trabalha” para acentuar a dependência tecnológica do País, reduzindo para 2% o imposto de importação sobre extensa gama de bens de capital. A fabricação no País desses bens chegara, nos anos 70, a prover 60% da demanda interna, proporção que caiu a menos de 40%, sem falar na queda substancial da participação de empresas de capital nacional.

  Cada vez mais o Brasil  exporta recursos naturais com pouco ou nenhum processamento industrial, até no setor agroindustrial. Dos minérios estratégicos, como o quartzo e o nióbio, em que a quase totalidade da matéria-prima está concentrada no Brasil, exportam-se insumos a preços subfaturados e que não representam sequer 1/50 do valor unitário (por peso) dos bens finais em que utilizados.

    As exportações dependem cada vez mais das commodities. Estas atingiram, em 2010, 70% de participação na pauta total, além estarem representadas por componente crescente de produtos básicos, inclusive nos cinco maiores grupos: minério de ferro; petróleo; soja; açúcar; café. De resto, permanece em vigor a espantosa Lei Kandir/Collor, que isenta de ICMS a exportação de bens primários.
Por cúmulo, mesmo com a altíssima carga tributária, equivalente a 35,8% do PIB (era de 23,7% em 1989, tendo aumentado 51%), os brasileiros não contam com serviços públicos dignos desse nome, não só porque os ainda providos, em tese, pelo Estado têm caído em qualidade, mas também porque parte substancial deles foi privatizada.

Essa é outra bomba destruidora, montada pela tucanagem e mantida pelos petistas, não menos hipócritas. A privatização resultou em que se adicionem à carga tributária imposta pelo setor público as tarifas abusivas, e sempre em aumento, cobradas pelas empresas transnacionais que se apropriaram das concessões. Essas concessionárias quase nada investem; fazem, em geral, cair ainda mais a qualidade dos serviços; e devastam recursos naturais inestimáveis, como acontece com a água.

A água, por demais abundante no Brasil, vem sendo crescentemente fornecida por transnacionais, como Suez, Nestlé e Coca-Cola. Além disso, engarrafada com a adição de químicos e desmineralizada para ser vendida à população, que deveria desfrutar de água natural, saudável, e de graça. Ademais, as transnacionais do setor, que se vêm expandindo por grande número de cidades, fazem esgotar e deteriorar os lençóis freáticos. Para controlar a água, prometem investir em saneamento, e não o fazem.

Não bastasse a exação através dos juros do crédito (1), a dos impostos pagos aos governos federal, estadual e municipal (2), a das tarifas dos serviços públicos (3), há ainda a dos preços de oligopólio dos bens e serviços pagos às empresas ditas produtivas, das quais as principais estão, hoje, quase todas, sob controle estrangeiro (4).

Um dos exemplos mais acintosos desse deboche são os preços dos automóveis: o consumidor brasileiro paga pelo mesmo carro - fabricado no Brasil - o dobro do preço dele no exterior, por exemplo, na Argentina e no México. Essa diferença de 100% corresponde, quase toda, a lucros dos oligopólios, aumentados pelas inúmeras isenções e vantagens à exportação dadas pelo “governo”, sem falar nos subsídios à produção, inclusive taxas de juros favoráveis por conta do BNDES.

De janeiro a setembro deste ano, o déficit de transações correntes com o exterior acumula US$ 35 bilhões, e seu crescimento prossegue acelerado. Esse montante equivale a três vezes o do mesmo período em 2009.
Isso significa que o saldo negativo líquido nas contas de “rendas e serviços” - formadas principalmente pelas rendas do capital estrangeiro (lucros e dividendos, além de juros) - foi de cerca de US$ 51 bilhões, pois a balança comercial teve saldo positivo de US$ 14 bilhões, e as transferências unilaterais (remessas de trabalhadores brasileiros), cerca de US$ 2 bilhões. Resumindo: 51 bi menos 16 bi = 35 bi.
Adriano Benayon: Consultor em finanças e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica tecnológica. Depois, Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo.