Nesta 19ª postagem, continuamos,
a terceira tentativa de tomada do poder.
Vamos aos fatos:
1971
Henning Albert
Boilesen
Era guerrilha urbana, de ideologia comunista, que estava
atuando de forma inovadora.
Entre 1960 e 1970, as organizações terroristas enviaram 219
militantes para fazer cursos de guerrilha em Cuba e na China. No retorno ao
País, esses militantes recrutavam jovens estudantes para engrossar as suas
fileiras.
As ações terroristas causavam insegurança junto aos
empresários, pois elas poderiam desestabilizar a economia, que estava em franco
crescimento. Além disso, temiam os sequestros.
Assumi o comando do DOI no dia 29 de setembro de 1970.
Boilesen foi assassinado em 15 de abril de 1971. Nesse período, Boilesen esteve
uma vez no DOI, dias antes do Natal de 1970, quando me cumprimentou pela data
natalina e levou de presente para o DOI um novo lampião a gás, que estava sendo
lançado.
Os inimigos da Contra-Revolução de 1964, que apoiavam a
luta armada, não se conformavam com o sucesso do combate ao terrorismo.
Era preciso desmoralizar, caluniar, inventar, criar e
deturpar fatos e, principalmente, mentir.
Espalharam o boato de que o êxito do trabalho do DOI se
devia ao fato de sermos sustentados, com muito dinheiro, pelos empresários.
Essa farsa, a respeito das doações de dinheiro, chegou aos
ouvidos dos terroristas. Eles decidiram que teriam de "justificar"
alguns desses "colaboradores da repressão" e sequestrar outros para
intimidá-los. Com esse assassinatos, estancariam os recursos que eles pensavam
estar abastecendo o DOI. Os sequestros serviriam para libertar presos ou exigir
dinheiro em troca de liberdade dos reféns.
Depois de alguns estudos para escolherem a primeira vítima,
Carlos Lamarca mandou por André Camargo Guerra, do Movimento Revolucionário
Tiradentes (MRT), para Herbert Eustáquio de Carvalho (Daniel), da Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR), um bilhete com três nomes:
Henning Albert Boilesen - diretor do Grupo Ultra;
Peri Igel - presidente do Grupo Ultra;
Sebastião Camargo - presidente da Construtora Camargo
Correia.
No seu bilhete, Lamarca marcou com uma cruz o nome de
Boilesen, indicando-o como o primeiro a ser "justiçado".
No dia 15 de abril de 1971, quando Boilesen entrou com seu
carro na Alameda Casa Branca, dois carros com os terroristas emparelharam com o
dele. Pela esquerda, Yuri, colocando um fuzil para fora da janela, disparou um
tiro que raspou a cabeça de Boilesen. Este saiu do automóvel que dirigia e
correu em direção contrária ao movimento de veículos.
Foi inútil, José Milton, que vinha pela direita,
descarregou sua metrelhadora nas costas do empresário.
Yuri desfechou-lhe mais três tiros de fuzil.
Cambaleando, Boilesen arrastou-se mais alguns metros e caiu
na sarjeta.
Aproximando-se, Yuri disparou mais um tiro que lhe arrancou
a maior parte da face esquerda.
Vários carros foram atingidos pelos projéteis.
A senhora Geralda Rachel Felipe e o senhor Marcos Antônio
Bicalho, que passavam pelo local, foram atingidos e feridos pelos disparos.
No relatório da operação, escrito por Yuri, e apreendido
pelo DOI, constava a seguinte frase:
"Durante
a fuga, trocávamos olhares de contentamento e satisfação. Mais uma vitória da
Revolução Brasileira."
Sobre o corpo de Boilesen, mutilado com 19 tiros, Joaquim
Alencar Seixas e Gilberto Faria Lima jogaram panfletos, dirigidos "Ao povo
brasileiro", onde faziam a seguinte ameaça:
"Como
ele, existem muitos outros e sabemos quem são. Todos terão o mesmo fim, não
importa quanto tempo demore. O que importa é que sentirão o peso da Justiça
Revolucionária. Olho por olho, dente por dente."
Fonte: A
Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça.
Autor: Carlos
Alberto Brilhante Ustra.
1972
A descoberta
do foco guerrilheiro no Sudeste do Pará.
No início do ano, o PC do B acelerara a preparação da luta
armada no sudeste do Pará. Em fevereiro, João Amazonas de Souza Pedroso e Elza
de Lima Monerat participaram de uma reunião do Comitê Central (CC), que aprovou
o documento "50 Anos de Luta". Depois de
traçar um histórico do partido desde 1922, o documento reafirmava as concepções
da Guerra Popular, dizendo que "o campo é problema-chave da
revolução". O documento também
dizia que "o fragor das primeiras refregas escorra pelo país inteiro convocando
todos os patriotas e democratas para ocupar o posto que lhes compete na grande
jornada pela independência, o progresso e a liberdade."
Nesse mês, foi preso pelo DPF, em Fortaleza, o militante do
PC do B, Pedro Albuquerque Neto. Durante os interrogatórios, Pedro declarou
ter-se evadido, em junho de 1971, de um campo de treinamento de guerrilha
rural, localizado no interior do município de Conceição do Araguaia, em uma
área denominado Cigana.
Em seus depoimentos, Pedro esclareceu ter sido recrutado
para a área de guerrilha em Fortaleza, no segundo semestre de 1970, por um
elemento conhecido pelo nome de "André", integrante, naquela época,
do CR/PCdoB/CE.
Diversos militantes recrutados para a mesma missão, ao
tomarem contato com a área, manifestaram interesse em dela se afastar, sendo
impedidos, no entanto, por três razões fundamentais: as ameaças dos dirigentes
locais, receosos de que uma possível prisão possibilitasse a descoberta da
área; o medo de se perderem no interior da selva, ao empreenderem a fuga; e o
receio de se entregarem às forças legais, já que os dirigentes do partido
incutiam nos militantes a certeza de que seria torturados até a morte.
Os dados obtidos nos relatos de Pedro Albuquerque só foram
repassados ao Exército em 17 de março, chegando ao conhecimento da 8ª Região
Militar, o Grande Comando responsável pela área, em 21 de março. Havia informes
anteriores de estabelecimento de "área estratégicas" de outras
organizações na mesma região, conhecida como Bico do Papagaio.
1973
A FBI
continuava em expansão
A medida que os terroristas fugiram do País, a Frente
Brasileira de Informações (FBI) expandia-se. As organizações subversivas que
surgiam no Brasil afloravam no exterior e integravam-se no que se havia tornado
a mais importante forma de luta das esquerdas - a propaganda adversa.
No dia 24 de maio, no Chile, houve um evento solene.
Realizou-se um jantar no restaurante Savain em solidariedade às atividades da
ACBS e da FBI, Na ocasião, foram rendidas homenagens a Francisco Whitaker
Ferreira, escolhido como novo coordenador do "Comitê de Denúncia da
Repressão no Brasil".
Em junho, foi iniciado, na Bélgica, um movimento para
suspender a realização da "Brasil Expor 73". O Comitê Belgo-Euro para
a América Latina" e o, também, belga, "Movimento Cristão para a
Paz" desenvolveram intensa campanha tentando evitar a realização da feira.
O pasquim "Jornadas de La Lucha Popular" no seu número 3, de agosto,
distribuído no Chile, também se incorporou à campanha. O objetivo era por
demais evidente. A realização da exposição poderia representar o
desmascaramento das infâmias divulgadas na Europa e, ao contrário, promover o
País.
A segunda campanha desenvolvida pela FBI referia-se ao
julgamento do Governo Brasileiro pelo Tribunal Bertrand Russel. Intensa
atividade foi desenvolvida no sentido de recolher informações e testemunhos que
pudessem ser apresentados durante o julgamento, previsto para outubro. Um dos
principais membros do tribunal, o senador italiano Lélio Basso, esteve no Chile
convidando terroristas a testemunharem perante o tribunal. Militando na ALN,
Fernando Soares, asilado na Itália, esteve no Uruguai, desenvolvendo as mesmas
atividades do Senador Basso no Chile.
É preciso não perder de vista que a maioria dos componentes
dos diversos órgãos que compunham a rede de apoio à FBI e a própria FBI eram
subversivos comunistas fugidos do Brasil.
O julgamento do Brasil pelo Tribunal Bertrand Russel foi
adiado. O último boletim da FBI editado no Chile, números 43/44, de Jul/Ago,
anunciava a formação do júri do tribunal, para o julgamento da "ditadura
brasileira", em outubro.
Em novembro, o Comitê Francês da Amnesty Internacional, em
ligação com o Front, organizou um congresso sobre tortura, repetindo as
acusações de sempre contra o Brasil. Como novidade, a reação do professor Denis
Buean, romeno naturalizado francês que, ao comentar uma notícia do jornal
"Le Figaro" sobre o evento, destacou que a Amnesty Internacional nada
fazia contra a tortura nos países comunistas.
No final do ano, iniciou-se a publicação do
"Brasiliansche Informations-Front", versão alemã do boletim da FBI.
Ressalvando-se o idioma diferente, o boletim seguia o mesmo esquema do chileno,
do francês e do italiano, as notícias eram as mesmas, assim como a fonte e a
estrutura encarregada de fazê-la circular.
Fonte: ORVIL
- Tentativas de Tomada do poder.
Organizadores:
Ten Cel Licio Maciel e Ten José Conegundes do Nascimento.
O resultado final desta luta armada foi as vítimas
esquecidas, que diretamente ou indiretamente foram afetadas pela insanidade dos
que pegaram em arma contra o Brasil.
Jorge Barreto.